#SérieCuriosidades - Ballet Contemporâneo


Transição para a Dança Contemporânea

Décadas de 1940/50 – Alguns coreógrafos passam a questionar os modos de se construir a dança, criando uma verdadeira revolução no mundo da dança moderna.

Na fronteira entre a dança moderna e a contemporânea está o coreógrafo e bailarino Merce Cunningham.

Os pioneiros da dança moderna se dedicaram à construção das fundações de uma nova dança.
Cunningham, chamado pelos críticos de precursor da dança contemporânea, posiciona-se contra a permanência de modelos acadêmicos na dança moderna. Em sua maioria, tais modelos ainda respeitam uma regra narrativa e temática; isto é, as relações dança e música, apesar de mais abertas, ainda permanecem na dependência uma da outra, e o espaço cênico continua a respeitar a perspectiva frontal da cena italiana do século XVII.


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Cunningham buscou novas fórmulas e com seus parceiros, o compositor John Cage, uma das mais interessantes figuras do mundo da música contemporânea, e o artista plástico Robert Rauchenberg, um dos expoentes da pop-art, constrói uma nova estética para a dança, lançando os princípios da Dança Contemporânea. Cria uma nova linguagem coreográfica ao introduzir as seguintes proposições:

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• década de 1940 – a independência entre as artes de um espetáculo de dança, onde coreografia, música e cenografia são construídas independente uma da outra;
• década de 1950 – o método do acaso em suas construções coreográficas, fazendo sorteios e jogando dados no momento de criação de uma coreografia;
• décadas 1960/70 – a criação de coreografias para vídeos e filmes e a descoberta da diferença entre o olho da câmera e o olho humano na visualização do palco;
• década de 1990 – o uso da tecnologia nas construções de suas coreografias, com o software Life Forms e, mais recentemente, na cenografia, com a apresentação de Biped .

Cunningham, inimigo de toda e qualquer teatralidade ou dramatização, pretende a objetividade formal da técnica criada por ele e a absoluta independência da dança em relação a qualquer condicionamento narrativo.

O Ballet Contemporâneo


A dança contemporânea não impõe modelos rígidos; os corpos dos artistas não têm um padrão preestabelecido, bem com os tipos físicos. São gordos, magros, altos, baixos e de diferentes etnias. A maioria desses trabalhos incorpora novos movimentos e não mais os movimentos convencionais do balé ou das técnicas de dança moderna.

Na segunda metade do século XX, a dança contemporânea ganhou estabilidade não só nos países de nascimento da dança moderna, como os Estados Unidos e a Alemanha, mas também na França, na Inglaterra e no Brasil.

Surge um novo estilo, fora dos parâmetros antigos nos quais acontecimentos se sucedem linearmente. Agora, a narrativa é fragmentada. O público é convidado a colocar os “pedaços” juntos e extrair um significado para o trabalho de dança apresentado, tecer variados caminhos na construção de sentidos por meio da fruição dos espetáculos.

Década de 1960


As idéias de Cunningham e de Cage exercem grande influência na revolução que ocorreu nas artes em geral em Nova Iorque e principalmente na dança, com o grupo do Judson Dance Theater.

Esse grupo abrigava coreógrafos alegres, irreverentes e idealistas, que procuravam entender a essência da dança em uma época de grandes mudanças no clima social e político.

Seus participantes, considerados como a primeira onda de pós-modernistas na dança, são Yvonne Rainer, que defende as ações cotidianas transformadas em dança; Trisha Brown, que trabalha com os problemas de acumulação de movimentos; Steve Paxton, que explora contato e improvisação; David Gordon, que joga com a teatralidade; Simone Forti, que toma como base os movimentos dos animais, e vários outros. Essas novas transformações não estavam limitadas à dança, mas se espalharam também para a música, a pintura e a poesia.

Década de 1970


A febre da dança contemporânea foi se alastrando e marcou o começo de um grande intercâmbio entre os bailarinos e coreógrafos franceses e estadunidenses. O teatro da Ópera de Paris, a partir de 1974, iniciou essa troca de informações com um grupo de pesquisas teatrais e depois de pesquisas coreográficas.

A coreografia contemporânea francesa costuma revelar um interesse na conexão com a literatura ou o cinema, em particular os surrealistas e os adeptos da vertente “teatro do absurdo”. É comum, também, o uso de diálogos e textos junto com os movimentos.

1973 – A bailarina Pina Bausch, nascida na Alemanha e considerada um expoente na dança-teatro contemporânea, torna-se diretora do Balé da Ópera de Wuppertal. Seu trabalho chama-se Tanztheater (dança-teatro), movimento que se origina na época de Rudolf Laban e Kurt Joss, que foi um dos mestres de Pina. A dança-teatro busca uma intensificação da expressividade e para isso faz um diálogo entre o movimento, a música e a palavra.

As obras de Pina Bausch mostram, por exemplo, pessoas comuns andando nas ruas, pois o treinamento, repetido à exaustão, faz parecer que os movimentos são “naturais”. Entretanto, no decorrer da representação de ações cotidianas, ela procura provocar o público com situações inesperadas, quando os bailarinos costumam cantar, gritar, falar e rir, colocando a platéia diante de sentimentos perturbadores.

Em 2001, criou Água, repleta de referências ao Brasil, ao mesmo tempo exaltando e criticando os clichês (estereótipos, padrões, caricaturas) de nosso país: “as belezas naturais”; “o povo brasileiro”, “o samba”.

1978 – Foi criado, em Angers, na França, o Centre National de Danse Contemporaine (CNDC), importante centro de referência mundial.

Década de 1980


1980 – Formou-se um novo grupo de pesquisas coreográficas na Ópera de Paris, do qual participaram os estrangeiros Karole Armitage, Lucinda Childs, David Gordon e Paul Taylor, e os franceses Dominique Bagouet, Jean-Christophe Paré, Jaques Garnier e Jean Guizerix.

1980 – A coreógrafa belga Anne Teresa de Keersmaeker faz uso de procedimentos minimalistas em suas coreografias: são estruturas coreográficas simples, repetidas várias vezes, em velocidades diferentes.

1981 – A bailarina Maguy Marin cria a coreografia May B, com diálogos e textos apresentados durante a dança e inspirada em peças do teatrólogo Samuel Beckett. 1983 – A coreografia Rosas danst Rosas marcou o início da companhia Rosas, dirigida por Keersmaeker, que, em sua composição, além da estrutura minimalista, utilizou técnicas de espirais, dando maior vigor e velocidade aos movimentos dos bailarinos.

Esse gestual violento e de “choque” é reflexo das imagens contemporâneas expostas na mídia, uma estética nomeada de “nova dança”, que impregnou o trabalho de vários coreógrafos a partir dos anos 1980 até os dias de hoje.

O Ballet Contemporâneo no Brasil 


No Brasil, ela se firmou como um estilo próprio na década de 1990 e possui características bastante semelhantes ao moderno - tais como liberdade técnica, ruptura com a rigidez clássica. Ela busca passar sensações do mundo urbano, rápido e agitado.

A arte reflete ou expressa a sociedade contemporânea, fazendo uma fusão entre vários estilos - moderno, hip-hop, street dance, clássico, jazz e outros – podendo agregar também técnicas diferenciadas, a exemplo da Companhia Deborah Colker, que aplica acrobacia em várias de suas coreografias. Alguns dos principais definidores do que vem a ser o estilo contemporâneo (ou pós-moderno) são: fragmentação, multiplicidade, justaposição, repetição, uso constante de referências a épocas diversas, experimentação e ousadia em ironizar o modo de vida atual.




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