A Relação das Artes Cênicas com o Figurino


A criação de um espetáculo, definido como representação pública, nas áreas de teatro, música, cinema, circo, que impressiona e é destinada a entreter, envolve um conjunto de ações e a construção da narrativa visual passa pelo figurino, iluminação, maquiagem, cenografia e direção. O figurino, também chamado vestuário ou guarda-roupa é composto por todas as roupas e os acessórios dos personagens, projetados e/ou escolhidos pelo figurinista - profissional que idealiza ou cria o figurino - de acordo com as necessidades do roteiro e da direção do espetáculo e as possibilidades do orçamento.


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O figurino ajuda a definir o local onde se passa a narrativa, o tempo histórico e a atmosfera
pretendida, além de ajudar a definir características dos personagens. (COSTA, 2002).

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Como esta é uma área com pouca bibliografia específica e poucos cursos de formação, gera inúmeras discussões sobre como deve funcionar a criação do figurino, e sua relevância prática dentro da cena. Sábato Magaldi, crítico teatral, ensaísta e historiador, afirma que a indumentária teatral é pouco analisada como elemento cênico particular, entre os profissionais do teatro, mesmo percebendo-se
que o figurino é um dos elementos fundamentais para a transmissão do pensamento ao público. (MUNIZ, 2004).

De maneira lenta, porém visível, o figurinista vem ganhando destaque nas produções teatrais, tendo seu espaço cada vez mais firmado, perante os profissionais envolvidos no processo. Isto se dá pela necessidade de conhecimentos específicos e técnicas projetuais que vêm sendo utilizadas, por este profissional, responsável pelo acompanhamento de todas as etapas de desenvolvimento e confecção dos trajes, conforme esclarecem Leite e Guerra (2002, p.86),

Cabe ao figurinista equacionar as necessidades do projeto cênico com a sua capacidade e criação, além de administrar o que chamamos no jargão teatral de “carpintaria”, processo de feitura do figurino.

O trabalho do figurinista pode ser amplo e inovador, dependendo de para qual espetáculo irá desenvolver o figurino, pois existem companhias de teatro, assim como de dança contemporânea, que trabalham com o inusitado. Estilistas também atuam na área do figurino por possuírem conhecimentos sobre desenvolvimento de vestuário, modelagem e materiais, como ocorreu com a Cia
de Dança Deborah Colker, que contratou o estilista Samuel Cirnansck para desenvolver o figurino do espetáculo “Cruel”, apresentado em 2008. Em entrevista, o estilista destacou que utilizou referências clássicas com aspectos contemporâneos, representando trajes de baile (figura 1) e “[...] a maioria das
peças foram criadas para serem destacáveis, podendo ser usadas em dois atos  diferentes. Optamos também por materiais especiais, como elastano, para garantir conforto e elasticidade (Samuel, 2009)”.

Neste caso, observa-se que o estilista levou em conta, desde o projeto, durante a escolha de materiais, a finalidade destinada aos trajes, pois os profissionais precisam de liberdade de movimentação ao dançar. Isso justifica a preocupação com a ergonomia, principalmente por ser uma atividade realizada
pelo corpo, de forma dinâmica. “Análises como a função da peça do vestuário, a região a que ele se destina, e a atividade da região devem fazer parte do estudo
para confecção”, afirma Grave, (2004, p.13).

O processo de criação do figurinista deve estar pautado no que a direção do espetáculo projetou, pois, a obra é a junção dos diversos elementos, então cada tipo de apresentação pode possuir uma linguagem, de acordo, com cada proposta. Há espetáculos que possuem uma linguagem mais aberta e
experimental, como os de dança contemporânea, onde se pode ousar mais, inovar, porém para qualquer processo criativo, a pesquisa é o ponto principal para um bom resultado, afirma Muniz (2004, p. 33),

Para que o figurinista tenha consciência do amplo universo no qual pode situar sua criação, um extenso trabalho de pesquisa se faz necessário a cada espetáculo e ao longo de sua formação.
Em algumas situações, ao se construir um figurino que represente uma época, a pesquisa é indispensável, especialmente na parte de acabamentos dos trajes que requerem cuidados, pois a leitura correta do período representado, contribui para a credibilidade da cena épica.

Sábato Magaldi afirma que a reconstrução fiel dos trajes épicos nem sempre é interessante ao teatro, pois “[...] não interessa a reconstrução arqueológica”, mas ainda assim a pesquisa se faz necessária, para permitir a criação de releitura. Nessa mesma linha de pensamento, Alberto Guzik - crítico teatral, ator, jornalista e dramaturgo – sugere que o figurinista, nestes trabalhos de remontagem, aproveite a oportunidade de “[...] jogar com elementos, brincar com a história do teatro e enveredar por um universo histórico rico [...]”, mas, sem perder a coerência com o todo, a ser mantida por meio de um intensivo trabalho de pesquisa. (MUNIZ, 2004).



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